São José, Santa Catarina, Brasil
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Edição Junho | 2012
Ano XVIII - N° 193
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Walmir Espíndola Filho
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O nascimento da violência

Uma das mais sangrentas batalhas ocorridas na história catarinense e, em especial, na Ilha de Santa Catarina foi a revolução federalista. Ocorrida entre os anos de 1893 a 1895, foi ela a responsável pelas mortes e muitas atrocidades que tiveram como cenário as águas da baía de Florianópolis, no lado norte, próximo à Ilha de Anhatomirim.
O que aqui será narrado não está escrito nas literaturas de época, e é bem verdade que muito do ocorrido não foi escrito, porque não houve ninguém para ver e contar. Somente a ficção poderia dilatar a imaginação para traçar em volumosas frases o que vivamente aconteceu naquele tempo.
O líder voluntarioso dos maragatos, apesar de sua convicção e rebeldia, possuía uma fé ímpar. Era orientado por um padre jesuíta que lhe ensinava os mandamentos de sua doutrina.
No início do mês de fevereiro, o líder muito revoltoso com o governo decidiu atacar as tropas de Floriano Peixoto. No Rio Grande, o padre tomou conhecimento da investida de seu discípulo e lhe escreveu uma carta na tentativa de modificar a ideia de se rebelar contra o governo. Dizia a carta: “Sei de sua coragem e que está destinado a lutar contra a injustiça e contra os poderosos”. Deve pensar que toda violência gera uma outra, que possui o mesmo nascedouro: a intolerância. A violência é antiga como as escritas de um livro sagrado. Durante toda a existência humana, ela esteve presente em tudo aquilo que de bom ou de ruim o homem realizou. Enfrentou o tempo e as mudanças por ele provocadas. É mister dizer, que sou um homem de paz e que preciso continuar ensinando-lhe os ditames do Senhor meu Deus. Lembre-se de que há muito tempo um homem chamado Jesus surgiu entre os humildes para ensinar a palavra do amor e da moral. Ele pregava a justiça e a igualdade.
Com todo este fardo, este homem ensinou aos seus discípulos aquilo que vinha de seus pensamentos e, que lhe haviam ensinado. Em um grande momento, este cidadão do mundo reunido com seus seguidores disse em voz alta: ‘O senhor sempre desejou que nos amássemos uns aos outros.’ Quero que reflita por tudo o que está escrito nesta carta e que retorne ao Rio Grande para repensar as ideias. Evite que muitas vidas sejam ceifadas. 25 de janeiro de 1893.”
A carta foi enviada por um navegante que viajou durante dias seguindo o mesmo caminho que os rebeldes trilhavam. Por sorte, estes tiveram que ancorar para reparos em um dos navios. O mensageiro conseguiu então alcançá-los já próximo à praia dos Naufragados.
A mensagem foi entregue para um dos imediatos. O líder, apesar de muita coragem, não sabia ler, devido a este mal, entregou a carta ao seu homem de confiança, que também não dominava muito a língua. Este por sua vez descreveu em resumo, com suas próprias palavras, aquilo que estava escrito.
– É uma carta do Padre. Ele diz em resumo que devemos ir para esta batalha com todo o fervor, com todo o ódio que tivermos em nossas almas, e ainda, traz um trecho da bíblia que fala sobre os ensinamentos de Jesus que diz assim: “O senhor deseja que nos amassemos uns aos outros”.
O comandante que já estava convicto de seu trabalho, com a tradução distorcida que deu o seu intérprete à mensagem, ficou ainda mais alinhado, e a partir dali, nada poderia impedir o avanço das forças de oposição.
O que poderia ser a salvação de uma guerra histórica acabou por ser o maior dos erros de gramática da língua portuguesa. O verbo amar foi catastroficamente substituído pelo verbo amassar e, na interpretação ou na versão de quem transmitiu a mensagem, tomou vertente violenta que culminou com a guerra dos federalistas.
A falta de instrução levou a frase a ser lida de maneira diversa e os homens entenderam aquilo que leram, mesmo que fosse de maneira errada. Quem repassou a mensagem não teve o cuidado de rever o que tinha lido.
Por causa de um simples acento gráfico, a palavra teve sentido diferente do esperado e a história escreveu o amargo caminho daqueles que tiveram de percorrê-la.
Talvez não tenha sido este o único motivo para esta guerra, e também, mesmo que a frase fosse lida de maneira correta, a batalha fria e cruel teria ocorrido do mesmo jeito.
Devemos nos ater ao poder da palavra. É exatamente através dela que os homens seduzem uns aos outros, e é assim que a violência ou o amor se expressam através dos tempos.
Cuidado com os detalhes. Mesmo que mínimos, eles podem fazer a diferença, ainda que inconscientes ou pela falta de informação.

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