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Edição Julho | 2022
Ano - N° 313
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CAPACIDADE DE AGIR
Daniel Nascimento-e-Silva, PhD
Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Há muita gente que pretende “aprender” para saber das coisas. É a isso que chamamos ter informação, sinônimo de ter notícia, que é uma forma diferente de se manter informado sobre alguma coisa, parecido com as fofocas. Saber qual é a capital da Turquia pode ser interessante para a alma, desde que isso traga algum tipo de satisfação. No entanto, essa não é mais a finalidade da educação. Educar, desde a criação do termo, significou e significa ainda hoje compreensão do mundo para que possamos agir com adequação. Conhecemos aquilo que nos é estranho, para que se torne algo íntimo, com o qual podemos contar para fazermos nossas ações nobres. Não tem sentido elevado conhecer para prejudicar ao outro e a si mesmo, de maneira que o destino final de toda educação é o bem. Mas para que cada um possa praticar o bem, precisa aprender a fazê-lo. Por essa razão, um dos pilares da Nova Educação é o desenvolvimento, desde a primeira infância, da capacidade de agir. Neste sentido, este ensaio tem como objetivo esclarecer o que significa essa capacidade agir.
Uma pessoa que tem capacidade é aquela que está apta para fazer alguma coisa. Está habilitada, tem habilidade. Essas são formas diferentes de dizer que alguém sabe fazer alguma coisa. É o fazer, portanto, o núcleo das habilidades e das aptidões. Quem não sabe fazer não tem habilidade, não está apto, não tem aptidão. Isso parece trivial, mas muda completamente a missão de todas as instituições de ensino. Elas deverão se transformar de entidades que fornecem informações para instituições educacionais. Vejamos isso mais de perto.
Antigamente, a maior parte do que se chamava educação era sinônimo de informação. Era importante não apenas saber qual é o nome da capital da Turquia, mas também de todas as capitais. As sociedades e comunidades valorizavam muito quem tinha essa capacidade formidável de gravar essas inúmeras informações, da mesma forma que era muito interessante aquela pessoa que pudesse falar sobre o nome dos quadros de Michelangelo e Rafael Sanzio ou as bachianas de Villa Lobos. O que era valorizado aqui era o que chamamos hoje de informações, cuja finalidade quase sempre era o deleite dos ouvintes e interlocutores.
Em seguida, o desafio passou da aquisição da informação para a construção do entendimento. Não bastava apenas saber que existe a lei da gravidade. Agora era fundamental saber como ela funciona. Não era mais relevante dizer que a África tem alguns dos países mais miseráveis do planeta, mas explicar a lógica de sua causa. Esse esquema perdurou até algumas décadas atrás. Muitos desses esquemas, por exemplo, parecem sentir prazer em lidar com as mazelas humanas e denunciar a Deus e o mundo. Muitos desses esquemas lógicos são profundamente fantasiosos, completamente subjetivos, criminosamente tendenciosos e infinitamente cegos, apesar da multidão que eles conseguem arregimentar como verdadeiros exércitos a defender tais santos graais. Infelizmente esses esquemas ainda predominam na tal formação educacional brasileira, desde as creches aos pós-doutorados.
A terceira etapa é a que estamos vivendo hoje. Não basta ter a informação e tampouco o entendimento. Até a própria informação, não é interessante que a mantenhamos indefinidamente. Ela precisa ser revista periodicamente, principalmente em algumas áreas, como as neurociências e ciências da informação. Os esquemas lógicos continuam sendo fundamentais, mas não suficientes. Eles precisam ser consequentes. Não basta apenas dizer que os pobres são explorados pelos ricos (E pobre não explora pobre? Rico não explora rico? Pobre não explora rico?). É preciso demonstrar a partir de todos os entendimentos existentes. Não é mais válida apenas uma explicação: é preciso trabalhar com todas as explicações existentes. A razão? Simples: o cérebro nos engana. E pode nos enganar por toda uma vida. Tomar uma perspectiva é praticamente ter a certeza de que fomos iludidos.
A terceira etapa é a era do agir. É o agir que vem logo em seguida do entendimento, da compreensão lógica da coisa, de como a realidade funciona. Não aprendemos mais para o deleite exclusivo de saber que Ancara é a capital da Turquia e tampouco que há uma equação matemática que explica a gravidade universal. É preciso agir a partir desses entendimentos, é preciso fazer alguma coisa com eles. Isso significa que aprender, hoje, é ter o entendimento para que seja testado logo em seguida, da mesma forma que alguém pede informação sobre que condução tomar para ir de um lugar a outro: é preciso tomar aquela condução informada. É preciso agir. É isso o que a Nova Educação faz: ensina a agir.
A ação é o resultado de um processo de tomada de decisão. Quanto mais detido for feita cada etapa do processo, mais consequente será a ação e maior probabilidade haverá no alcance do objetivo pretendido. Só agimos para alcançar objetivos. Esses esquemas lógicos de ação começam a ser aprendidos nas creches de forma singela. Exemplo: as pessoas gostam que lhes façam o bem e o mal tende a afastá-las. Esse esquema lógico pode ser testado e retestado inúmeras vezes para que os aprendizes possam aferir a sua validade. E quanto mais o esquema se sustentar, mais autonomia conferirá aos indivíduos em direção à conquista de suas autonomias.
Para que vou ter que aprender que f(x) = ax + b? Simples: para agir melhor. Esse esquema está em praticamente tudo o que se consegue ver, e podemos a existência de coisas invisíveis com ele. Tudo, por fim, que fizer parte do conteúdo programático de qualquer disciplina de qualquer matriz curricular de qualquer formação é constituído de unidades lógicas dessa forma. E não apenas na escola: em todos os grupos humanos associados, cada afirmativa, cada locução, cada falar deve ser assim percebido, como unidade lógica que precisa ser testada. Neste ponto passamos a abandonar as crenças. A Nova Educação é o rompimento com grande parte das crenças que oxidaram os nossos cérebros por toda a história.

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