São José, Santa Catarina, Brasil
20 de maio de 2024 | 04:12
Edição Abril | 2023
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FAZER O BEM
Daniel Nascimento-e-Silva, PhD
Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Parece que toda a estrutura fisiológica dos seres vivos está voltada para a ação. Ao agir, os viventes garantem a vida; ao aprenderem, dão um salto gigantesco para a melhoria da vida, o que leva à evolução, ao progresso. Ainda que a impressão possa apontar o contrário, o fluxo da história é sempre evolutivo. A geração atual apresenta os aprendizados do passado recente e os que realiza todos os dias. O rompimento que a muitos parece haver é apenas uma ilusão, principalmente por quem não desenvolveu a habilidade de visualizar os fatos e fenômenos do mundo de forma dinâmica, panorâmica. Em termos de estrutura cerebral, estamos mais aptos agora para lidar com os desafios e problemas de todas as ordens do que antes – e menos aptos do que estaremos amanhã. Como a aptidão é requisito para a ação, têm-se hoje mais indivíduos agindo em benefício do planeta e de seus habitantes do que em toda a história da humanidade. Mas ainda não constituem a maioria. Este ensaio tem como objetivo mostrar que fazer o bem é o terceiro pilar da Nova Educação.
A grande pergunta que ronda a mente de todos os que se deparam com a necessidade ou obrigatoriedade de frequentar escolas parece ser: por que estudar? Esta questão pode ser colocada filosoficamente como “por que aprender?”. Diversas áreas do conhecimento científico podem apresentar uma resposta quase consensual: para manter a vida. A impressão que se tem é que esta é uma lei imperativa universal que abarca tudo o que existe, desde um simples quark ao próprio universo: é preciso garantir a existência. É necessário, então, que os quarks existam para que sejam possíveis os elementos atômicos (prótons, neutros, elétrons, grávitons etc.) e com eles tudo o que costumamos chamar de objetos físicos. O mesmo parece acontecer com os mundos extrafísicos, que ainda não conhecemos diretamente, mas que podemos comprovar suas existências, tanto é que sabemos que correspondem a mais de 90% da realidade. Realidades físicas e extrafísicas se interpenetram e garantem umas às outras suas existências. Portanto, aprendem.
E não há outra forma de garantir a vida sem que se despenda um mínimo de esforço para isso. Esforçar-se quer dizer agir, fazer alguma coisa. Por extensão, todos estamos “condenados” à aprendizagem. Ainda que não queiramos, aprendemos. Ainda que relutemos ao aprendizado, aprendemos. Aprendemos a não querer e a relutar melhor, por exemplo. E não tem sentido aprendermos a relutar, se, depois de aprender, não relutarmos. Inimigos do progresso, por causa dessa lei universal, a lei do aprendizado, ao resistirem a aprender, a lidar com o novo que sempre vem, também estão aprendendo e, com isso, facilitando o avanço, a evolução.
Mas tem uma forma mais interessante de garantir que a evolução se processe de forma mais parecida com o nosso desejo: fazer o bem. Ainda que imaginemos que alguém seja tirano, antidemocrata, assassino, vil e qualquer coisa desse naipe, de maneira que tenhamos nele o impedimento de uma vida melhor agora e no futuro, a forma mais eficaz de reduzir sua tirania, antidemocracia e comportamento reprovável é lhe fazer o bem. Não se deve pagar o mal com o mal jamais, porque o mal é apenas uma ilusão, como já mostramos anteriormente. Todo o aprendizado, portanto, deve ser carreado para a ação, a ação no bem. Por essa razão, todo ensinamento deve, primeiro, passar pelo crivo da lei universal. A pergunta não deve ser “para que serve isso?”, mas “como isso me ajuda a fazer o bem?”.
Estão equivocadas as doutrinas que dizem que a luta de contrários é que gera o progresso. O progresso de faz com união. Jamais o bem é capaz de nascer do mal. Onde houver luta, haverá sempre o mal. Quem é do bem não luta, não briga: busca compreender, entender, auxiliar e servir. O bem pode ser medido pela intensidade com que o bem é sentido pelos indivíduos, ainda que tenham interesses diferentes. Se estiverem dispostos a fazer o bem, o auxílio mútuo é a forma mais eficiente de alcançar os objetivos e metas desejados. Se não estiverem dispostos a fazer o bem, nenhum discurso os convencerá.
Aprende-se, portanto, não para fazer belos discursos e encantar/iludir aos outros. Aprende-se para garantir a vida e torná-la mais bela. Garantir e tornar são dois verbos de ação, de promoção do bem, passíveis de serem entendidas desde as idades mais tenras. Aliás, a ciência tem mostrado que as crianças já nascem com tendências ao bem. Suas mentes são estruturadas na bondade, denotando reflexo incondicionado. O bem é uma característica humana congênita, como é congênita a necessidade de alimentação e os movimentos peristálticos. O mal é aprendido, ou seja, é um reflexo condicionado, da mesma forma que gostar ou não de verduras.
A escola e a família, na Nova Educação, têm papéis fundamentais na estruturação de uma mentalidade coletiva focada no bem. Para isso, é necessário deixar de lado filosofias e doutrinas que nos condicionaram a fazer o mal até quando pensamos fazer o bem. Não há opressores e oprimidos, nem ricos nem pobres, nem altos e gordos. São tudo condicionamentos a que nos submeteram. Somos o que quisermos ser e nosso cérebro está apto a nos ajudar a materializar o nosso desejo. Para isso, temos que aprender e usar o aprendizado para realizar o que é desejado. O aprendizado tem uma finalidade: fazer o bem. Se algo não permitir fazer o bem, seu aprendizado não vale a pena.
Os conhecimentos que todos os ramos da ciência geraram permitem a edificação de um sistema educacional baseado no que se chama de complexidade. Complexidade não significa dificuldade, impedimento, mas grande quantidade, numerosidade de aspectos convergentes da mesma realidade. O que a ciência da informação apresenta como explicação só aparentemente é contraditório com o que a ciência das sociedades diz. É que a realidade apresenta infinitas nuances e temos que conhecê-las o maior número possível delas para que possamos compreender o acoplamento harmônico do que pensamos inconciliável. É para essa nova realidade que a Nova Educação quer nos levar: para a compreensão do ser humano integral.

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