São José, Santa Catarina, Brasil
20 de maio de 2024 | 19:01
Edição Setembro | 2021
Ano - N° 304
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Educação & Cultura
 
ORGANIZAÇÃO DO TEMPO DE APRENDIZAGEM
Daniel Nascimento-e-Silva, PhD
Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Sabemos que o cérebro tem limitações à capacidade de armazenamento temporário de informações. Colocar no hipocampo mais informações que sua capacidade de armazenamento é pura perda de tempo, assim como estudar com estado de espírito baixo (raiva, medo, tristeza) ou muito ruído ambiental. Além disso, também é perda de tempo parar no entendimento do assunto e não estruturá-lo no cérebro através do exercício, da prática. É preciso, portanto, que se pratique aquilo que foi entendido para que o próprio entendimento seja registrado de maneira definitivo nos seus devidos lugares de armazenamento definitivo. Tem uma lógica, então, que deve ser seguida para que tudo isso seja levando em consideração quando nos esforçamos para aprender alguma coisa, cujo segredo está na organização do tempo. Neste sentido, este ensaio tem como objetivo apresentar uma lógica de organização do tempo para que se possa alcançar a aprendizagem humana plena.
A sequência lógica de todo aprendizado é a) compreender a lógica do assunto, b) praticar essa lógica e c) dormir. A compreensão da lógica do assunto tem como finalidade saber como a coisa funciona, para que possamos testá-la, porque é testando-a que confirmamos a lógica e ao mesmo tempo nos transformamos em especialistas na sua aplicação. Quanto mais repetirmos as práticas e a variedade de aplicação, mais especializados ficamos no domínio da lógica dessa coisa. Para que tudo isso se transforme em aprendizado permanente é necessário que a cada experiência durmamos, porque é durante o sono que o aprendizado é armazenado no seu local definitivo.
Vamos ver como isso pode ser feito, de acordo com a realidade dos sistemas educacionais brasileiros. Para quem estuda pela manhã, a prática tem que ser feita pela tarde, preferencialmente, mas pode ser realizada nas primeiras horas da noite, mas sem dormir. Em hipótese alguma deve-se dormir antes de praticar o entendimento da aula do dia. O ideal é que a prática fosse feita logo em seguida do entendimento. Geralmente, algumas escolas fazem isso, mas o fazem de forma inadequada. Por exemplo, em aulas de matemática, depois do entendimento o professor resolve algumas questões e pede para que os alunos resolvam duas ou três adicionais. O ideal seria que fossem investidos alguns poucos minutos no entendimento (explicação da lógica do assunto e exercícios demonstrativos) e a prática viesse em seguida com vários exercícios diferentes (que pode chegar a algumas dezenas).
Para quem estuda à tarde, a prática só pode ser feita à noite, depois das aulas. Recomenda-se que, ao chegar em casa, façam-se as higienes pessoais e se alimente, para só então realizar as práticas do que foi estudado naquele dia. É necessário que toda a atenção esteja direcionada para a aquisição das habilidades que os exercícios proporcionarão. Se barulho o incomodar, vá para um ambiente mais calmo ou controle os sons. Proceda da mesma forma para qualquer desconforto ambiental, porque isso interfere tanto no armazenamento temporário quanto no definitivo. Contudo, sempre que possível, treine aprender com essas barreiras ambientais, para que seu cérebro se potencialize ainda mais.
Quem estuda à noite tem desafios ainda maiores. Aqui, há apenas duas possibilidades, além de uma terceira, naturalmente, que é não fazer o que estamos recomendando. A primeira é praticar assim que chegar em casa. Neste caso, faça as higienes pessoais e se alimente, para relaxar o corpo. Mas não coma demais. Imediatamente em seguida, pelo menos por meia hora, pratique aquilo que foi estudado no mesmo dia, e depois, por dez minutos, aquilo que foi estudado no dia anterior. Tente controlar ao máximo o cansaço, para que toda a prática seja feita nesse período de tempo, de maneira que você possa dormir pelo menos cinco horas depois de terminada a prática e o acordar. O ideal seria dormir pelo menos oito horas seguidas.
Talvez a maior barreira para o processo de aprendizagem seja a atenção. Nossos alunos e nós mesmos temos muitas dificuldades em nos concentrar no que queremos aprender. Raros sãos os indivíduos que conseguem se desligar de tudo ao redor e manter o foco profundo naquilo que estão tentando compreender e dominar. Se a atenção é alcançada, de imediato percebemos que o entendimento fica muito facilitado, tanto que, no instante em que entendemos a lógica das coisas, inúmeras sugestões de práticas e testes do que está sendo aprendido vêm imediatamente às nossas mentes. Como não controlamos nossas emoções, esses momentos são tão mágicos que, quase que maquinalmente, temos a necessidade de incomodar o outro para lhes comunicar o que estamos vendo, o que compreendemos e o que está nos maravilhando. Sem perceber, é claro, que isso é cruel para aquele que incomodamos, porque estamos quebrando a magia do aprendizado dele.
É preciso aproveitar o tempo ao máximo. Antes das aulas e da prática de estudo, vá ao banheiro, tome água, relaxe, para que seu corpo e sua mente possam dar conta das atividades que vão ser desenvolvidas sem precisar parar, para que o foco seja mentido de forma plena. Planeje o tempo de aula e de prática contínua de pelo menos duas horas, sem interrupção. Depois cumpra à risca o que foi planejado, concentrando-se apenas e exclusivamente ao aprendizado. Isso significa ignorar completamente os colegas, os sons, a fome e tudo o mais, prestando-se atenção até nos sons que os professores emitem, como no caso do estudo de línguas, ou dos sinais ao lado das palavras, quando em forma de texto. Isso tudo faz parte da organização do tempo.
Depois do tempo de aprendizagem e estudo, relaxe, converse, faça tudo o que você gostaria de fazer quando estava estudando. Isso ajudará a relaxar para a próxima etapa de aprendizagem e a manter o foco apenas e exclusivamente no assunto a ser aprendido. Depois da aula, no menor espaço de tempo possível, reserve pelo menos uma hora para a prática do assunto. Repita os exercícios muitas vezes, quando possível. Depois de praticar, durma. E não durma sem antes praticar, porque você perderá tudo o que estudou em curto espaço de tempo. O seu cronograma de aprendizagem tem que ter tempo para o entendimento, a prática e o sono. Se faltar uma dessas três coisas, será tudo em vão.

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