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Edição Junho | 2021
Ano - N° 301
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ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM
Daniel Nascimento-e-Silva, PhD

Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)

Vimos alguns aspectos centrais do funcionamento do cérebro humano e como ele produz o aprendizado, fenômeno conhecido como aprendizagem. Isso quer dizer que aprendizagem é o processo cujo produto é o aprendizado. Terminamos esses dois agrupamentos de ensaios mostrando que o aprendizado se dá em duas etapas: primeiro, a aquisição do entendimento, da compreensão da lógica daquilo que queremos aprender; e segundo, de que o manuseio da lógica compreendida é a etapa que consolida o aprendizado, tornando-o permanente. Mostramos que isso se dá com os nossos grandes desafios superados, como andar, falar, ler e escrever e tudo o mais que exige novos caminhos neuronais no cérebro. Agora, nos próximos dez ensaios, mostraremos algumas estratégias reconhecidamente eficazes para a produção do aprendizado. Assim, este ensaio tem como objetivo definir operacionalmente o fenômeno das estratégias de aprendizagem.

A ciência aponta diversas formas de se entender o conceito de estratégia. Nesse conjunto de ensaios é considerada como as etapas que as informações percorrem desde a captação pelo cérebro até o seu armazenamento de longo prazo em forma de um todo coerente e consistente que permita orientar e conduzir as ações e pensamentos humanos. Consequentemente, a definição de estratégia de aprendizagem quer dizer o sequenciamento de etapas que são percorridas para que se aufira, quando do término da execução da última etapa, o aprendizado almejado. Como o termo está no plural (estratégias), partimos do pressuposto que existem mais de uma forma disso ser feito, diversas, inúmeras.

Esses ensaios estão assim organizados logicamente: primeiro mostramos, de forma panorâmica, o que todo educador precisa conhecer sobre o cérebro, de maneira que é uma sinalização e não todo o conhecimento necessário para tal; em seguida, delineamos a lógica que produz o aprendizado, para que o educador possa conhecer com profundidade cada parte dela. Agora é a hora de mostrar como ter acesso ao cérebro, para que o educador possa auxiliar no processo de aprendizagem. Não é o educador que vai gerar o aprendizado e tampouco fazer percorrer no cérebro do aluno ou do aprendiz cada etapa do processo de aprendizagem. Pelo contrário, esse conhecimento é necessário para que ele atue como o

grande incentivador, motivador, do autodesenvolvimento e autoaprendizado dos outros. Enquanto especialista do cérebro no quesito aprendizagem, o educador precisa saber reconhecer quando o cérebro está ou não sendo bloqueado, por exemplo.

A razão disso é que a ciência conhece inúmeros procedimentos testados com maior probabilidade de gerar aprendizado, como é o caso de não se estudar quando se está com sono ou com ódio. De forma igualmente semelhante, os estudos científicos têm demonstrado que são mais eficazes as estratégias baseadas no estudo e experimentação feitas em curtos espaços de tempo, mas espaçados ao longo do tempo, ao invés de se estudar muitas e muitas horas todo o assunto de uma vez. O educador precisa saber o porquê dessas restrições e limitações cerebrais para que possa demonstrar aos educandos. A demonstração é uma necessidade imperiosa não apenas do convencimento, mas da estruturação do próprio entendimento e que também abre caminho para as etapas de sedimentação, transformando o entendimento em aprendizado.

Algumas estratégias envolvem o autocontrole emocional. Elas têm como finalidade dissipar o ódio, a tristeza e os ressentimentos, verdadeiros inimigos de todos aqueles que querem aprender. É que o aprender é mais efetivo (eficiente e eficaz) quando feito de forma alegre, desafiadora, motivadora. Ódio, tristeza e ressentimentos são apenas exemplos de emoções de baixa vibração, que estão mais próximos do instinto do que da razão. As emoções de baixa vibração são as paixões humanas, reações mecânicas, impensadas da mente e do corpo, enquanto que os sentimentos são a resultante da razão. Dito de outra forma, os sentimentos nobres como alegria, contentamento, amor, beleza e tudo o mais são aprendizados, produtos da razão.

Outras estratégias tentam dar conta da gestão do tempo. Há de haver tempo para tudo, especialmente para a geração e produção de novos neurônios, com o uso de atividades físicas. É preciso, portanto, tempo para captar informações (como fazem as aulas normalmente praticadas hoje), produzir o entendimento (ainda raridade na prática docente cotidiana), demonstrar de diversas formas o entendimento (quando feito, muito raro, é casual) e atualizar o aprendizado. Essas estratégias demonstrarão que o aprendizado nunca termina, da mesma forma que a alfabetização (exemplo de aprendizado) é infinita. Aqui ficará evidente que aprender é um ato contínuo de alfabetização, de desestranhamento do mundo.

Estratégias adicionais mostrarão como lidar com o sono para a produção, consolidação e reatualizações do aprendizado. Quanto tempo se deve dormir? Quanto tempo devemos dar entre o final de uma etapa de aprendizagem e a hora de dormir? É necessário dormir de dia ou o sono noturno é suficiente para consolidar o aprendizado temporário? Com elas serão aprendidas duas coisas: primeiro, que o hipocampo tem limitações sobre a quantidade de informações e processamento; e segundo, que é perda de tempo estudar o mesmo assunto para além da capacidade de armazenamento e processamento desse órgão.

As estratégias de aprendizagem, na prática, são maneiras através das quais se tem acesso ao cérebro, provocando ou ajudando a provocar nele o aprendizado. Algumas dessas estratégias são de curto prazo para gerar aprendizado para uso imediato, enquanto outras visam ao armazenamento de longo prazo. Umas são estruturadas em aprendizado focado, enquanto a maioria se concentra no aprendizado difuso. Ao final, pretende-se que o educador tenha elementos suficientes para apresentar propostas muito interessantes, agradáveis, desafiadoras e de elevados resultados para seus colegas, instituições, estudantes e todos os que têm interesse em uma nova modalidade de educação.

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