Empresário fala das dificuldades de manter os negócios no Brasil
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Esse mês o Jornal “Oi São José” entrevistou o empresário Ivan Nascimento, diretor da Escritolândia, que abordou a história da empresa, as dificuldades enfrentadas nos 25 anos em que estão no mercado varejista, e o momento atual pelo qual passa o País.
Jornal Oi São José – Como nasceu a Escritolândia?
Ivan Nascimento – Meu pai, Ângelo Nascimento, desde 1978 já tinha empresa no ramo de móveis para escritório e até material de lancheria. A Escritolândia nasceu em 1991, ainda sob o comando do meu pai. Naquela época, fabricávamos tudo o que era vendido na loja, ou seja, móveis residenciais e para escritório, planejados, sob medida. Um dos braços do nosso segmento, até hoje, ainda é o planejamento de móveis residenciais e para escritório.
Oi SJ – E a expansão da empresa, como foi?
Ivan – Coincidentemente, iniciamos a empresa num momento difícil, de transição de governo, com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, numa época de dificuldades financeiras, de entender o mercado, como a que vivemos agora. Foi o meu primeiro desafio, pois já trabalhava com meu pai nessa época. Tinha 14 anos. Abrimos a primeira filial, em Criciúma, em 1995. O final da década de 90 foi muito bom, conseguimos nos organizar para continuar crescendo. Em 1998, abrimos as lojas em Campinas e no Estreito, com uma estrutura já consolidada. Trabalhamos bem nos anos 2000. Em 2003, meu pai faleceu, aos 57 anos, e assumi a empresa. Ele deixou um legado, princípios e uma história de sucesso, que dei sequência. A primeira Para continuarmos crescendo, fizemos as evoluções necessárias com investimentos nas lojas e modernizações. Mudamos layout, investimos no corpo operacional, nas pessoas, diversificamos os produtos. Construímos um bom estoque, o que nos deu agilidade na entrega. A primeira década do ano 2000 foi satisfatória, continuamos os investimentos e a estruturação da empresa. O ano de 2010 foi espetacular, o que nos deu uma boa base. Em 2011, abrimos uma loja em Curitiba, que durou um ano e nos deu experiência e a certeza de que o nosso negócio é crescer em Santa Catarina. De 2012 a 2014, vivemos anos bons, com a mudança de endereço de todas as lojas. Hoje temos 50 funcionários distribuídos nas três lojas, sendo uma em São José, outra em Florianópolis e a terceira em Criciúma, além do depósito central em Florianópolis. Oferecemos uma gama imensa de produtos, são muitas opções, do mais sofisticado ao mais simples.
Oi SJ – E como avalia o mercado em São José e a estrutura da cidade?
Ivan – Estamos em São José há quase 20 anos, que hoje tem a loja mais ampla, bonita e bem localizada da Escritolândia. De uma maneira geral, São José tem uma infraestrutura muito bem preparada e isso contribui para o nosso crescimento enquanto empresa e para o desenvolvimento de toda a região. Mas hoje eu daria uma nota sete para o município e diria que esse desenvolvimento não é mérito de nenhum governo, é um processo natural. Aliás, é um mérito do empresariado de São José, que é muito forte, trabalhador. O município tem uma boa qualidade de vida, boa renda per capita e uma boa infraestrutura, às vezes até melhor do que a Capital. São José é uma boa referência.
Oi SJ – Projetos para o futuro?
Ivan – Estamos preparando um novo sistema de e-commerce, para ampliarmos ainda mais os nossos negócios no mundo virtual também. É um processo lento e precisa ser bem estruturado, com estratégias bem pensadas para bem atender os nossos clientes. Mas esse projeto ainda está em fase de estudos e ainda sem previsão para ser implantado. A responsabilidade é muito grande e por essa razão temos que estar muito bem estruturados para oferecer mais essa opção de compra aos clientes.
Oi SJ – A empresa participa de algum projeto social?
Ivan – Nos associamos recentemente ao Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza - IBDN, uma ONG que há mais de 20 anos desenvolve ações na área de Educação Ambiental, no resgate da cultura indígena e no combate aos crimes contra o meio ambiente. Mas, antes mesmo de nos associarmos, já tínhamos essa preocupação trabalhando apenas com empresas que usam matéria-prima de reflorestamento, substituindo copos de plástico, economizando água e luz. Ações simples, mas que contribuem com o planeta.
Oi SJ – O cenário nacional e a crise afetaram de que maneira a empresa?
Ivan – O cenário nacional hoje, de uma maneira geral, eu diria que é catastrófico, com prejuízos imensuráveis. O nível altíssimo de corrupção, que já profissionalizou a forma de desviar recursos, nos assusta. Mas, de uma certa forma, a responsabilidade é nossa, porque somos passivos, aceitamos, e pior, colocamos esses políticos no poder. Se tem alguém com coragem nesse país são os empresários, que foram muito prejudicados por toda essa crise. São corajosos porque continuam investindo, se desgastando, se arriscando e isso precisa ser reconhecido. Os empresários são o motor que vai alavancar novamente a construção e o desenvolvimento do País. Na Escritolândia eu posso dizer que tivemos 40% de perdas e, na minha visão, vamos demorar pelo menos um dois anos para nos recuperar dessa crise. Estamos trabalhando o dobro para ganhar a metade, se ganhar... O Brasil é um país de pessoas corretas, com muitos empreendedores, que querem fazer as coisas acontecer. A Esperança é muito grande. Vamos dar conta de reverter essa situação. O número de pessoas corretas é muito maior do que o número de corruptos. Cada um tem que fazer a sua parte.
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