FIB – Felicidade Interna Bruta
Paulo de Tarso Guilhon
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Melhor idade
Eu devia ter perto dos dez anos, não me lembro bem. Meu pai que se vivo fosse, hoje teria 103 anos, reclamou que estava ficando velho. Querendo animá-lo disse o que acabara de ler no jornal: a vida começa aos 40. Mas, já tenho quase 50, respondeu ele. Calei porque entendi que os 50 eram uma barreira para se ir além. Como se 50 fosse o fim da linha. De lá, para cá, passaram-se mais de 50 anos.
Não sei quem inventou essa história de melhor idade. Há pouco, os que quebraram a barreira dos 60, como eu, eram classificados de terceira idade. Quando escutei essa expressão pela primeira vez, fiquei pensando quais seriam as outras duas. Agora, terceira idade virou melhor idade.
Por que chamar de melhor idade quem já bateu nos 60? Talvez, por ter o privilégio de enfrentar filas menores, ou por ter a prioridade de ser atendido primeiro como nas filas de banco, de embarque, ou no supermercado. Nesses casos, talvez se justifique chamar de melhor idade os que já são sessentões.
Como chamar de melhor idade os que, a princípio, estão mais perto da linha de chegada do que da de partida? Quem sabe, melhor idade seria há 30 anos, mas com a experiência de vida acumulada em outros 30? Quem sabe os primeiros anos da infância poderiam ser chamados de melhor idade?
Precisei furar os 60 para perceber que a melhor idade é a que você vive no momento, agora. Independente de como está sua vida, fértil, frutífera, ou estéril, infrutífera.
A melhor idade vem da percepção de que o espírito não tem idade, é infinito e, por isso, tem todas as idades, da infância à maturidade.
A melhor idade vem de dentro para fora. Se a cabeça está bem, saudável, criativa, seu espírito estará sempre jovem. Se, ao contrário, sua mente é um poço de incertezas, lembre-se de uma frase da oração de Francisco de Assis: "onde há dúvida que eu leve a fé".
(*) Doutor em Engenharia de Produção – pguilhon@hotmail.com
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