São José, Santa Catarina, Brasil
11 de maio de 2024 | 15:35
Edição Abril | 2013
Ano XIX - N° 203
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Com o intuito de explicar a Ortoépia e a Prosódia
O problema de acentuação não está no desconhecimento da regra, e sim, na fala viciosa de algumas palavras. Exemplos: ru-BRI-ca, ÍN-te-rim. Os tópicos que tratam deste assunto são intitulados ortoépia e prosódia. As formas verbais terminadas em “I”, acrescidas da variante do pronome oblíquo (-LO, -LA, -LOS, -LAS), só serão acentuadas se este “I” estiver em hiato e for tônico. Exemplos: atribuí-lo x parti-lo. A forma pêra recebe acento diferencial, entretanto, seu plural, peras, não recebe acento (pois não existe a forma preposicionada "peras"). As paroxítonas terminadas em “N”, quando pluralizadas, não recebem mais acento. Pólen x polens, hífen x hifens. Tanto as palavras monossílabas, quanto as oxítonas terminadas em A(S), E(S), O(S) são acentuadas, entretanto são princípios diferentes que justificam o acento. As paroxítonas terminadas em R, X, N, L, são acentuadas. Para não esquecer destas terminações, pode-se usar as expressões LoNa RoXa ou RouXiNoL. As paroxítonas terminadas em ditongo crescente (chamados falsos ditongos), atualmente também estão sendo consideradas como proparoxítonas. Para se optar por uma justificativa ou outra, dá-se prioridade à primeira. Exemplos: his-tó-ria ou his-tó-ri-a. As palavras terminadas pelo sufixo -MENTE, ZINHO(S) ou ZINHA(S) não recebem acento grave.
A Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras. Encontra-se grafada também como OrtoÉpia. A forma é correta, mas menos usual. Exemplos: “Advogado”, e não “adevogado” (o D é mudo); “ritmo”, e não “ritimo” (o T é mudo).
A Prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras. Exemplos: “rubrica” (palavra paroxítona), e não “rúbrica” (palavra proparoxítona); “pudica” (palavra paroxítona), e não “púdica” (palavra proparoxítona).
Ortoepia/Ortoépia. O termo “Ortoepia” significa pronúncia correta dos sons isolados (vogais e consoantes). Podemos, porém, falar em “correção” para a pronúncia das palavras? Registre-se que tudo no idioma resulta de convenção, isto é, de acordo entre os falantes. Isso vale até mesmo para outros setores da língua, como a sintaxe, onde há regras mais rígidas. Todavia, na área fonética, talvez seja mais apropriado falar em uso do que em correção. Assim, o uso que a grande maioria dos falantes faz é o fator determinante da pronúncia aceitável das palavras. Quem se põe a falar diferente, chama a atenção dos demais, quando não é corrigido. Iniciemos pela própria palavra “Ortoepia”: a derivação do original grego impõe a pronúncia paroxítona: “Ortoepia”, com “ê”. Entretanto, a forma mais usual é proparoxítona: “Ortoépia”, com “é”. Se a maioria quer assim, assim é. A alteração da pronúncia dos fones geralmente se dá com relação ao timbre e ao acento tônico. Não se pretende aqui abordar das mudanças que afetam esse último, mas apenas das relacionadas com as vogais (timbre e altura) e a substituição de algumas consoantes. Algumas palavras em que há insegurança quanto à pronúncia culta de fones. Os acentos estão colocados apenas para assinalar o timbre (aberto ou fechado) ou o fone em que houve alteração: Pronúncia da maioria: bôda, despender, fascista: facista, fornos: fórnos, tóxico: tócsico, etc. Desvio de pronúncia: bóda, dispender, fachista, fôrnos, tóchico, etc. Às vezes, as pessoas que aderem a certo tipo de pronúncia concentram-se em certa região e sua quantidade é grande o suficiente para caracterizar regionalismo, ou seja, norma de uso por certo grupo falante. Alguns exemplos de regionalismos: banâna/bânâna; ê/é (nome da letra “e”); fêcha/fécha (flexão do verbo “fechar”); fêliz/feliz; mamão/mâmão; pêgo/pégo (particípio de “pegar”); pôça/póça; registro/rezistro; sapê/sapé; têlêfone/téléfone; mas/mãs, etc. Quando a pronúncia desviada não altera o significado da palavra, produz, no máximo, estranhamento. Entretanto, às vezes, a emissão inadequada dos fones muda o significado. Isso tem estreita relação com o fenômeno da paronímia e a palavra que tencionávamos emitir acaba sendo substituída indevidamente por outra de pronúncia muito próxima. É aí que mora o perigo: dizemos uma coisa em lugar de outra. Seguem alguns exemplos de mudança na emissão de vogais ou consoantes com alteração do significado: Comprimento (extensão) – Cumprimento (saudação); Deferimento (concessão) – Diferimento (adiamento); Despercebido (desatento) – Desapercebido (desprevenido); Descriminar (não considerar crime) – Discriminar (distinguir); Despensa (lugar para guardar alimentos) – Dispensa (desobrigação); Emergir (vir à tona) – Imergir (afundar, mergulhar); Emigrar (sair de mudança de um país) – Imigrar (vir de mudança para um país); Flagrante (evidente) – Fragrante (aromático); Mandado (ordem judicial) – Mandato (procuração, delegação popular); Secessão (separação) – Sucessão (sequência, transmissão); Tráfego (trânsito) – Tráfico (comércio ilegal); Treplicar (refutar com tréplica) – Triplicar (tornar três vezes maior); Vultoso (de grande vulto) – Vultuoso (acometido de vultuosidade, inchado).
Portanto, se quisermos estar com o “passo certo”, isto é, afinados com a maioria dos membros do grupo falante, devemos atentar para a pronúncia usual. Com relação ao uso da língua, devemos distinguir a norma culta (utilizada pelas pessoas escolarizadas) da popular (característica das pessoas que passaram pouco ou não passaram pela escola), cada uma com sua gramática e padrão prosódico. Assim, certos fenômenos fonéticos históricos no português, que remontam ao latim lusitânico e ainda hoje persistem, são responsáveis por certas pronúncias consideradas "erradas". Entretanto, antes de serem tachadas de erro, elas são próprias da norma popular - portanto, aceitáveis no meio inculto como inerentes a ele - ou são regionalismos. Dessa forma, o rotacismo (pronúncia do /r/ no lugar do /l/, como em "carça", em vez de calça; "farso", em vez de falso e "carma", em vez de "calma"); o emprego dos grupos consonantais /br/ e /pr/ no lugar de /bl/ e /pl/, como em "broco", "brusa", em vez de "bloco", "blusa" e "praca", "prano", em vez de "placa", "plano"; a despalatização (produção de fonema com a língua deixando de tocar o palato ou céu da boca) com ditongação, como em "muié", em vez de "mulher"; "paiaço", em vez de "palhaço" e "véio", em vez de "velho" produzem pronúncias inaceitáveis entre os falantes cultos, mas que devem ser admitidas no meio popular, exceto pelos intelectuais vinculados ao Ministério da Educação, que têm o dever de zelar por uma linguagem escrita ou falada culta e bela.
É preciso não esquecer que muitas formas corretas do falar culto chegaram em adotar as mesmas tendências que produzem as formas "erradas", como é o caso de "barata" e "praça" (do latim blata e platea). Há ainda certas pronúncias que a norma culta classifica de erradas, mas encontráveis entre os falantes escolarizados, como "previlégio", no lugar de "privilégio".
Para encerrar segue um pequeno exercício sobre o assunto em epígrafe. Acentue as palavras abaixo (quando necessário) e depois classifique com as letras: A – B – C, ou seja, A = OXÍTONA; B = PAROXÍTONA; C = PROPAROXÍTONA. Segue o rol das palavras escolhidas aleatoriamente para efeito do exercício proposto: acrobata, aerolito, alcoolatra, antídoto, ariete, austero, autodromo, avaro, boemia, caracteres, carater, cartodromo, charco, cheio, chumaço, ciclope, condor, crisantemo, decada, erudito, exodo, filantropia, gibraltar, gratuito, hieroglifo, latex, maquinaria, niagara, nobel, oceania, ortografia, pegada, poliglota, primata, psicologia, psicologo, pudico, quadrupede, recem, recorde, refem, rubrica, ruim, sutil, textil, tulipa, ureter e vermifugo. Aguardam-se respostas corretas via e-mails!
Jonas Manoel Machado – Advogado – E-mail: drjonas5256@gmail.com

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