São José, Santa Catarina, Brasil
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Edição Fevereiro | 2010
Ano XVI - N° 165
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Orionópolis Catarinense: 20 anos de acolhimento e de luta para pagar as contas
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Uma, duas, três, quatro, cinco, seis... conte até sessenta e cinco. Sessenta e cinco histórias de vida diferentes, marcadas por problemas de saúde física e mental, miséria e abandono familiar. Sessenta e cinco pessoas sem condições de autonomia, sem o apoio de um filho, um irmão, um parente distante. Crianças, jovens, adultos e idosos com dificuldades de locomoção, de coordenação motora, de comunicação, de compreensão do mundo e de interação com a sociedade. Problemas musculares, neurológicos, emocionais.
Cento e trinta pessoas nas mesmas condições, na lista de espera por uma vaga na Orionópolis Catarinense, em São José. A instituição, que acolhe, hoje, os 65 moradores descritos acima, gostaria de poder atender a demanda que chega, diariamente, por telefone, de outras cidades e até de outros estados. O problema é um só: dinheiro. “A intenção da Orionópolis não é só acolher a pessoa, mas resgatar sua dignidade humana. Então, nossa preocupação é manter a qualidade de vida que oferecemos aos moradores hoje”, revela Eliana Souza Marques, relações públicas da Entidade.
A Orionópolis foi fundada em 1987 e começou a funcionar três anos depois, no terreno onde fica hoje, no bairro Fazenda do Max. Sem fins lucrativos, a Entidade é dirigida por padres da ordem de São Luiz Orione e sobrevive de doações da comunidade. Todos os meses, funcionários e voluntários da casa trabalham para atingir a incrível meta de R$ 130 mil em doações, que representam o custo mensal para o funcionamento da Orionópolis. São cerca de R$ 1,5 mil por morador - o que não é muito, se forem considerados os gastos com medicamentos, folha de pagamento, alimentos, produtos de limpeza e higiene, entre outros. “Graças a Deus a comunidade reconhece nosso trabalho, sabe que tudo o que é doado é investido em benefício dos internos. Não temos grandes doações mensais – temos pessoas que doam, todos os meses, R$ 5, R$ 10 ou R$ 15, mas que são fiéis. E empresas que nos ajudam quando promovemos festas. É com muito sacrifício que conseguimos pagar nossas contas no final do mês”, afirma Eliana.
A instituição, reconhecida pelo seu trabalho único – poucas entidades acolhem pessoas dependentes, com deficiência física e mental, prima pelo bem estar dos internos. Além de moradia e alimentação, a Orionópolis oferece atendimento especializado, com cuidados de saúde, atividades pedagógicas, terapia ocupacional, massoterapia e orientação religiosa. “Alguns de nossos funcionários e voluntários levam os moradores para casa nos finais de semana ou celebrações, e procuramos promover passeios à praia, ao shopping, ao teatro. Buscamos oferecer isso também aos moradores que estão acamados, para que eles se sintam inseridos na sociedade”, conta Eliana.
São 55 funcionários contratados, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, cuidadores e outros profissionais, além dos voluntários que desempenham funções diversas, desde a organização administrativa até serviços de saúde e a venda de produtos no bazar da Entidade. Para trabalhar lá, é preciso identificação com a causa. “Nossa linguagem é o amor; as pessoas têm que ter esse perfil. Quem deseja trabalhar aqui, primeiro conhece a Instituição e os nossos moradores. Tem que gostar do que faz, porque é um trabalho que exige muito cuidado e dedicação. Eles vêm de um estado de total abandono e, às vezes, de maus tratos; nós somos a família deles”, explica Eliana. A recompensa chega diariamente. “Mesmo tendo que deixar atividades pessoais de lado para estar aqui, é muito gratificante”, diz a empresária Evelise Botega Pergher, voluntária na entidade há oito anos. “O que me faz vir aqui, se precisar, todos os dias, é conhecer a necessidade dos moradores. E aí sou pau para toda obra – para organizar eventos, varrer o chão ou cuidar das pessoas”, revela. Há quem busque emprego na casa para realizar-se profissionalmente. A enfermeira Márcia Christoff, na Orionópolis desde dezembro, saiu de uma clínica de cirurgia plástica. “Eu ganhava bem, mas não estava feliz com o que fazia. Aí surgiu a oportunidade de vir trabalhar aqui e de poder aumentar o bem estar dos moradores.”
Quem percorre os corredores, salas e quartos da Instituição, encontra um ambiente bem cuidado, de modo a ser o mais agradável possível. Quartos duplos iluminados, bem ventilados, pintados com cores alegres. Camas feitas, com bichinhos de pelúcia e bonecas, para os que gostam. Senhoras enfeitadas com colares, fazendo beiçinho porque a enfermeira preferida não estava de plantão no dia anterior. Sinais externos do carinho dedicado por funcionários e voluntários da casa.



De longe – O carinho também pode vir de longe. Entre janeiro e fevereiro, a Orionópolis recebeu um grupo de seis voluntários italianos, que uma vez por ano vão a algum lugar do mundo com o objetivo de fazer o bem. Luigi Durei, Aldo del Pietro, Isidoro Ferrari, Mario Costa, Nino Balanzoni e Giacomo Lombardelli têm entre 55 e 75 anos e são aposentados de diversas profissões – há desde construtores até mecânicos. Eles passaram um mês construindo as fundações do prédio onde serão instalados os bazares da Orionópolis. Mario, que trabalhava como confeiteiro, brinca sobre a nova atividade: “Aqui, em vez de fazer massa de doce, faço massa de concreto.” Luigi, natural de Milão, indica a motivação do grupo em viajar para tão longe para trabalhar como voluntários: “Temos espírito de aventura, desejo de fazer o bem e de conhecer outras culturas e pessoas diferentes.”
As fundações do prédio onde funcionará o bazar estão prontas, mas é preciso muito mais. Por isso, a Instituição faz um apelo à comunidade por doações, pontuais ou contínuas. Para o prédio do bazar, há necessidade de todo tipo de materiais de construção: tijolos, cimento, pisos, telhas, argamassa – tudo é bem-vindo. Eliana explica que, com o novo prédio, o bazar poderá funcionar todos os dias: “Essa é uma de nossas maiores fontes de renda. O tempo todo recebemos doações de móveis, brinquedos, livros, utensílios domésticos, e o que não é utilizado na casa nós vendemos por um preço bem em conta – ajudando a comunidade carente e obtendo um retorno expressivo. Antes, ele abria apenas duas vezes por semana e funcionava dentro do prédio dos lares, o que gerava certo transtorno.” A expectativa dos funcionários é de que o prédio fique pronto até junho.
Além das doações para a construção, todos os meses a casa precisa comprar produtos caros, que também podem ser doados, como fraldas geriátricas, materiais de limpeza e higiene, carne bovina e de frango, peixe, leite, alimentos especiais como farinha láctea e Sustagen. Para ajudar, você pode doar esses ou outros produtos, entregando no local ou solicitando que alguém vá buscar as contribuições. Outra maneira de ajudar é por meio de carnê ou débito na conta telefônica, ou, ainda, de doações em dinheiro nas contas bancárias da Orionópolis no HSBC, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Mais informações sobre como ajudar podem ser obtidas pelo telefone (48) 3343-0087.
A entidade organiza diversos eventos para arrecadar recursos ao longo do ano. Há a festa junina com bingo, no mês de junho; a Orionflores – Festa das Flores, com bingo de jóias, em setembro; o bingo de Natal e a festa de aniversário da Entidade, que costuma ser realizada em março. A comemoração do aniversário de 20 anos será realizada nos dias 10 e 11 de abril (veja box para mais informações). Haverá, ainda, um jantar comemorativo, mas a data ainda não foi definida.
Aos 20 anos de existência, a Orionópolis Catarinense busca parcerias para se sustentar e para poder oferecer um atendimento cada vez melhor. Hoje, o auxílio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal vem através de convênios para cessão de professores e de alguns medicamentos, além de uma pequena verba mensal para ajuda de custo. Nada que seja suficiente para dar alguma segurança financeira à Entidade, segundo Eliana: “Se tivéssemos verba garantida para pagar, por exemplo, os profissionais de saúde, poderíamos acolher mais moradores. Mas nós dependemos de doações da comunidade. Se um dia a comunidade não doar, o que vamos fazer? Fechar as portas? Então, precisamos de parcerias.”

Festa de 20 anos da Orionópolis Catarinense
10 e 11 de abril, na sede da Entidade
Programação:
Sábado, dia 10, às 20h - bingo com prêmios como geladeira e televisor com tela LCD. As cartelas custam R$ 7 cada, mais um litro de leite.
Domingo, dia 11 – às 10h, haverá missa festiva, seguida por almoço às 12h e uma tarde dançante. O almoço custa R$ 12 por pessoa.

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